Os senadores da FRENTE Risa Hontiveros e Sherwin Gatchalian inspecionam na sexta-feira as instalações de uma empresa operadora de jogos offshore filipina em Pasay City, suspeita de ser uma fachada para atividades ilegais
como prostituição, tráfico de seres humanos, tortura, sequestro para resgate e fraudes online. —RICHARD A. REYES
A senadora Risa Hontiveros levantou na sexta-feira a possibilidade de espiões militares chineses garantirem a cidadania filipina obtendo passaportes genuínos, cartões de identificação fiscal, documentos de imigração e até certidões de nascimento por meios fraudulentos.
Presidindo a uma audiência da comissão do Senado sobre mulheres, crianças, relações familiares e igualdade de género, Hontiveros afirmou que havia uma próspera “indústria caseira” em conluio com funcionários governamentais corruptos que fornece documentos válidos emitidos pelo governo a cidadãos chineses.
Ela disse que isso veio à tona após uma invasão em 27 de outubro em um centro de uma operadora de jogos offshore filipina (Pogo) em Pasay City, administrada pela Smart Web Technology Corp.
A operação não só levou à descoberta de um antro de prostituição e de operações de tráfico de seres humanos, mas também à apreensão de documentos legais autênticos que, de outra forma, só seriam emitidos para cidadãos filipinos.
No início desta semana, as autoridades invadiram outro centro de Pogo com configuração física semelhante na cidade de Parañaque.
A investigação do Senado foi realizada dentro do prédio da Smart Web, onde funcionários do Conselho Interinstitucional Contra o Tráfico também conduziram uma inspeção no local.
“Considerando a nossa disputa atual no Mar das Filipinas Ocidental, é alarmante que estejamos dando um passe de acesso total ao nosso país aos cidadãos chineses através destes centros de Pogo”, disse Hontiveros.
‘Conduítes’
“Por que a necessidade de encobrir a sua nacionalidade para se tornarem filipinos? Isto nos faz perguntar: os Pogos estão sendo usados como canais para permitir a entrada de forças inimigas e seus espiões em nosso país? Talvez Pogo e centros de golpes não sejam o fim do jogo”, acrescentou ela.
“Talvez o fim do jogo seja infiltrar-nos nas nossas fronteiras e enfraquecer a nossa segurança nacional tendo os nossos próprios funcionários filipinos como facilitadores”, disse o senador.
“Se o presidente realmente quer defender o país daqueles que desrespeitam a nossa soberania, ele deveria expulsar toda a indústria do jogo online do nosso território”, disse ela.
O senador Sherwin Gatchalian, que se juntou à inspeção, disse que os abusos cometidos por criminosos que operam Pogos pioraram devido ao fracasso da Philippine Amusement and Gaming Corp.
A Smart Web conseguiu realizar suas atividades ilegais bem debaixo do nariz da delegacia de polícia local e do Departamento de Relações Exteriores, a poucos quarteirões de distância, disse Gatchalian, acrescentando que o Senado também estava próximo.
“Isto é uma falha de regulamentação e porque há uma falha de regulamentação, fomos vítimas destes sindicatos”, disse ele.
Gilbert Cruz, diretor executivo da Comissão Presidencial Anticrime Organizado, disse a Gatchalian que as medidas “frouxas” do país para perseguir estrangeiros envolvidos em atividades ilegais os encorajaram.
“[These incidents happen] porque somos tolerantes”, disse Cruz.
‘Remover Pogos’
Na Câmara dos Representantes, o deputado Bienvenido Abante Jr. de Manila disse que o governo deveria remover e não apenas regular as operações do Pogo.
“Não podemos regular uma indústria com intervenientes sem escrúpulos que tiram partido rapidamente das lacunas e fraquezas regulamentares… Devemos remover os Pogos porque as evidências mostram que não podemos regulá-los”, disse ele num comunicado.
“É nosso dever moral procurar fontes alternativas de receitas que não envolvam vícios que inevitavelmente conduzam a atividades corruptas e imorais. Devemos redireccionar o nosso foco para indústrias que melhorem a vida dos nossos cidadãos, fortaleçam a moralidade e garantam um futuro melhor para a próxima geração”, disse Abante, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara.
—COM UM RELATÓRIO DE JULIE M. AURELIO